Nos últimos tempos houve uma profusão de bares especializados em cervejas e chopps artesanais em São Paulo, o que é fantástico, já que antes disso não era nada fácil achar uma cerveja de qualidade sem depender de sites de importação. Mesmo nos poucos bares que se dedicavam à bebida, os rótulos estavam restritos aos alemães, ingleses e belgas. Como o Fábio é um apaixonado por boas cervejas muito antes disso se tornar moda, é natural que a gente goste de visitar bares que tenham essa proposta, porém eu, que sou mais do prato do que do copo, sempre me pergunto – por que os bares que têm uma preocupação com rótulos e torneiras variadas de cerveja não têm o mesmo cuidado com a qualidade da comida?

Na minha cabeça faminta é óbvio que se uma pessoa que gosta de beber bem estiver também com o estômago forrado, ela beberá mais e conseguirá apreciar a bebida com mais qualidade. Mas, não é isso que vemos em grande parte dos bares que têm a proposta de oferecer cartas incríveis de cerveja. O cardápio quase nunca é bem pensado e as opções são limitadas e nada interessantes.

Talvez tenha sido isso o que mais nos atraiu no Cateto – o bar tem a mesma preocupação tanto com a bebida quanto com a comida. E isso desde a escolha dos fornecedores (sempre pequenos produtores locais) até a harmonização dos elementos, afinal, tem coisa melhor para acompanhar uma bela cerveja do que uma excelente tábua de embutidos artesanais?

A cozinha do Cateto, comandada por Rodrigo Basílio (ex-Sal) e Eduardo Brandão, um dos sócios da casa, é de preparação simples – sanduíches, bruschettas, tábuas – o que mostra que um bar pode ter boa comida, com ingredientes de qualidade e de preparo fácil, nada muito complicado. Provamos a deliciosa bruschetta de sobrasada (de origem espanhola com intenso sabor de páprica) – feita em pão semi-italiano de fermentação natural, combina o embutido com queijo Flor de Mandacarú (PE), que lembra um brie, de tão delicado, figo e mel – pensa em uma coisa gostosa e de sabores perfeitamente harmoniosos…essa bruschetta é isso aí.

Também provamos o sanduíche Serrano, que leva presunto Serrano, maçã verde, queijo brie Flor de Cássia e azeite em um saboroso pão integral de fermentação natural, além é claro, de uma tradicional tábua de queijos e embutidos. Uma das opções, a tábua Cateto, combina os queijos Canastra e o potente Pirâmide, de cabra, com os embutidos Cantimpalo (de origem espanhola e sabor intenso), Ciausculo (italiano e mais suave) e Copa Curada.

As cervejas seguem a mesma linha da charcutaria: valorização de pequenos produtores nacionais, em edições limitadas. Os chopes são rotativos e costumam aparecer em edições temáticas. Na nossa última visita, por exemplo, havia um festival de chopes produzidos por microcervejarias cariocas. Já a carta de cervejas em garrafa conta com aproximadamente uma centena de rótulos, que não são facilmente encontrados por aí. As cervejarias nacionais Mea Culpa, 3 Cariocas, Treze, Bastards e Providência juntam-se às gringas Dieu du Ciel, Evil Twin e Mikkeller em um conjunto prá lá de interessante.

O Cateto nasceu na Mooca, há dois anos, já com essa proposta de dar espaço a ingredientes e produtos artesanais – o pequeno bar fez tanto sucesso no tradicional bairro da Zona Leste, que os donos decidiram abrir uma filial na mais badalada vizinhança gastronômica de São Paulo – o bairro de Pinheiros, porém sem abrir mão da filosofia que é o diferencial da casa.

A novidade é que o Cateto agora oferece também, um menu fechado de almoço, aos sábados, composto por entrada, prato principal e sobremesa. A ideia é combinar os embutidos e queijos da casa em pratos mais elaborados, que também podem ser harmonizados com as cervejas – o comer e beber bem continuam de mãos dadas e fazendo a alegria da galera.

Cateto Pinheiros
Rua Francisco Leitão, 272
Fone: (11) 3063-5191