Com a profusão de programas culinários na televisão brasileira é inevitável que a curiosidade dos interessados em boa gastronomia seja aguçada com relação aos restaurantes dos chefs-celebridades – será que na vida real suas cozinhas preparam delícias dignas de altas notas e de todo o rigor que os chefs demonstram na telinha?
Com o término da segunda temporada do reality gastronômico Cozinha Sob Pressão, transmitido pelo SBT, o chef Carlos Bertolazzi se posiciona com um dos mais famosos do Brasil. Fomos conhecer o restaurante do qual ele é sócio, o Zena Caffé, que fica nos Jardins (SP).
Zena, no dialeto lígure, significa Gênova, que fica na região da Liguria, no norte da Itália. A proposta da casa é oferecer ao cliente uma boa amostra da culinária dessa região italiana. O ambiente do restaurante é bastante despojado, informal e acolhedor. O serviço é muito simpático e agradável. Estivemos lá em um almoço tardio de sábado, por volta de 15h, e sentamos sem a menor demora. A casa funciona de maneira ininterrupta, entre almoço e jantar, de domingo a domingo.
Pedimos como entrada a coxinha di Maiale (com recheio de costelinha de porco, servida com molho de pimenta). Confesso que senti falta da coxinha de pato – um dos petiscos mais famosos do chef – mas a coxinha de costelinha de porco não deixou a desejar. Sequinha, muito bem empanada, saborosa e leve – ótima pedida para iniciar a refeição.
O cardápio do Zena é gigaaaaaante! Acho um pouco exagerado e até antiquado, para ser sincera. Tem de tudo o que você possa imaginar – carnes, aves, massas, focaccia, hambúrguer. Pedi um nhoque com ragú de pato (já que não tinha a coxinha de pato…rs), mas fiquei com vontade de provar um coelho com molho de vinho, que era o último prato do cardápio e eu nem tinha visto quando fiz minha escolha. Talvez seja essa a ideia – fazer a pessoa ter a vontade de voltar para provar outros pratos. O Fábio pediu um medalhão com creme de gorgonzola e geleia de uva caseira, acompanhado de batatas rústicas.
O nhoque estava muito saboroso – derretia na boca – e o ragu de pato estava muito bem temperado. A combinação da carne de pato, que é mais forte, com o nhoque delicado ficou muito gostosa.
O prato do Fábio teve que voltar porque o medalhão estava passado do ponto – pedido esse que foi prontamente atendido – a carne veio, então, no ponto certo e ainda com um medalhão a mais. Tomara que esse erro não tenha eliminado ninguém da cozinha, já que no programa, o chef não admite erros com ponto de carne. O prato em si não era surpreendente, mas saboroso.
A sobremesa era uma Sacripantina – pão de ló embebido em licor e café, coberto com creme mascarpone, avelãs e amêndoas. Pela descrição, achei que pudesse ser um primo do tiramisù, mas não é, a Sacripantina é mais um bolo com creme, meio sem graça, na minha opinião. Sabe aquela sobremesa que não mata a vontade de doce pós-refeição? Pois é…
A experiência no Zena é correta, agradável, mas nada surpreendente. Me lembrei o quanto o chef é criterioso com a apresentação dos pratos no Cozinha sob Pressão e, inevitavelmente, os comparei com os pratos do Zena, que são bem simples na apresentação e tradicionais, quase caretas mesmo. Uma prova de que nem sempre a vida imita a arte, especialmente quando se trata de cozinha.
Zena Caffé – Rua Peixoto Gomide, 1901 – Jardins
Fone: (11) 3081-2158
Site: www.zenacaffe.com.br